sábado, 20 de junho de 2015

Reflexão – A encíclica papal sobre as alterações climáticas


A encíclica papal sobre as alterações climáticas é provavelmente o documento papal mais ambicioso dos últimos 100 anos, uma vez que é dirigido não só para católicos ou cristãos, mas para toda a gente deste planeta, escreve o editorial do Guardian de 18 de junho

Propõe um programa de mudança baseado nas necessidades humanas mas sublinha que estas necessidades não devem ancorar na ganância e no egoismo. O cuidado para com a natureza e o cuidado para com os pobres fazem parte do mesmo mandamento ético e se negligenciarmos um deles não teremos paz. Para Francisco, há uma diferença fundamental entre necessidades humanas, que são limitadas mas não negociáveis, e apetites, que são potencialmente ilimitados e que podem ser sempre trocados por outras satisfações que não nos dão o que realmente queremos. Enquanto se negam as necessidades aos pobres, satisfazem-se os apetites dos ricos. A atual crise do ambiente liga estes dois aspetos do problema do capitalismo e do consumismo.
A encíclica sublinha o consenso científico de que o aquecimento global é obra do homem, condena o uso dos combustíveis fósseis e exige a sua substituição por fontes de energia renovável. Porém, coloca-se um travão no otimismo consumista segundo o qual os problemas ecológicos poderiam ser resolvidos através de soluções tecnológicas. Não há solução tecnológica pata o apetite voraz porque trata-se de um problema moral que só pode ter uma solução moral, só será possível com uma viragem para a sobriedade, para o autocontrolo, para a fuga ao consumismo.
Em suma, há uma dívida ecológica a pagar se queremos salvar o planeta para nele sobrevivermos.

Para uma análise pormenorizada, por tópicos, convém consultar Carbon Brief.

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