quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Cavaquices (18)

“Queixa-se Cavaco, no segundo volume da sua autobiografia, que a investigação do Expresso à sua casa foi, naquela altura, o episódio jornalístico que mais me indignou’. Explicou que a sua mulher, juntamente com um primo, que era arquiteto, pensando já na futura vida fora de S. Bento - onde Cavaco residia com a familia, mas não muito longe da casa particular, decidira avançar com ‘umas pequenas obras’ no andar de 110 metros quadrados, alugado desde 1968. E adiantou: ‘Qual não foi o seu espanto [da mulher, Maria] quando soube que os jornalistas de um semanário [saliente-se que, Cavaco, apesar do episódio ter sido público e publicado, omitiu de forma ostensória na autobiografia que o semanário que o investigou foi o credível e respeitável Expresso] andavam a inquirir o pedreiro, o arquiteto e fornecedores sobre os trabalhos prestados e os materiais adquiridos. Tratava-se de uma perseguição quase policial que minha mulher não compreendia e a perturbava. Até a mera reconstrução de uma casa de banho, fechar uma varanda, eliminar uma parede para alargar o quarto de dormir eram objeto de investigação jornalística, quando eu tinha tido o cuidado de pedir todas as autorizações ao senhorio e à Câmara Municipal! Era de mais para ela.’”

Frederico Duarte Carvalho, Cavaco vs Cavaco p221-222, Vogais 2012

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